No ano em que um dos maiores jornalistas completaria 100 anos, o projeto Itaú Cultural realiza uma homenagem de alto nível ao “Anjo Pornográfico”. Quem não conhece Nelson Rodrigues provavelmente não entendeu o apelido dado ao dramaturgo, jornalista e escritor nascido em Recife. Tem relação com as peças por ele produzidas que constantemente tratavam do sexo com maestria. A carreira no teatro começou por questões de dificuldades financeira vividas pelo jovem recifense recém-chegado ao Rio em Janeiro em 1916. Quinto filho em uma família de catorze, Nelson começou a trabalhar cedo, já aos 13 anos era jornalista do “Jornal da Manhã” onde era funcionário de seu pai, Mário Rodrigues.
A maturidade, infelizmente, veio a Nelson da pior maneira possível, o jovem jornalista perdeu o irmão em uma tragédia que ele presenciou ao vivo. No dia em que uma leitora do jornal resolveu vingar-se de Mário Rodrigues por uma acusação feita contra ela, Roberto é quem estava na redação e foi morto no lugar do pai. Mário, consumido pela culpa entrou em um ciclo de autodestruição pelo álcool e terminou falecendo dois meses após o assassinato do filho.
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Em 1936, com o irmão Mário Filho assumindo uma sociedade no Jornal dos Sports, Nelson inicia seu trabalho com o futebol, onde mais tarde se consagraria como um dos maiores cronistas do Brasil. O trabalho com o teatro chega mais tarde, nos anos 1940, com a peça “A mulher sem pecado” que já mostrava o tipo de conteúdo que o dramaturgo iria trabalhar em sua carreira com as artes cênicas.
Mas o sucesso veio com a obra “Vestido de Noiva” que foi considerada um marco do modernismo na dramaturgia. Apesar das polêmicas sobre produções posteriores e problemas enfrentados com a censura, o valor dramático de Nelson foi reconhecido de imediato por grande parte dos diretores, atores e críticos da época.
Vestido de Noiva ainda é a obra mais famosa de Nelson no teatro.
No final de sua carreira, o escritor ainda trabalhou com televisão, a convite de Roberto Marinho foi produzir conteúdo para a Rede Globo. Esteve atuando em mesas redondas ao lado de grandes nomes, tais como João Saldanha e Luis Mendes. Além de produzir conteúdos para novelas e programas de entretenimento para a emissora.
Depois de um aneurisma na aorta, Nelson foi operado três vezes. Seu estado era agravado pelo fato de nunca ter tido uma saúde invejável. Nelson Rodrigues morreu no dia 21 de dezembro de 1980. Foi enterrado com a bandeira do Fluminense. Deixou seis filhos: Jofre, Nelson, Maria Lucia, Paulo César, Sonia e Daniela, frutos do casamento com Elza Bretanha.
A Ocupação Nelson Rodrigues está em exposição até 21 de outubro na Torre Malakoff, Praça Artur Oscar, s/n, Recife Antigo. O horário de funcionamento é de terça à sexta, das 10h às 19h, nos sábados,domingos e feriado, das 15h às 19h. A entrada é gratuita, mais informações pelo telefone: 3184-3180.