sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Um espetáculo com caráter social



            Uma história que descreve a discriminação, mas que abre portas para um novo mundo longe de diferenças. Foi assim que o diretor teatral, Samuel Santos, explorou temáticas sociais e expos em uma encenação focada no publico infantil, mas que remete a todas as idades. Baseada na obra de Graciliano Ramos, a peça Teatral A terra dos meninos pelados completa dez anos de carreira. Com sucesso de publico, sua reestreia este ano tem lotado o Teatro Barreto Junior nos últimos finais de semana. 

             A peça é dividida em duas partes, a realidade e um mundo imaginário. Diferente dos outros garotos de sua idade, Raimundo é alvo de chacota e humilhação por causa de sua característica peculiar, seus olhos de cor diferente e sua cabeça limpa e careca.  Como fuga de seu tormento, o menino cria seu próprio mundo chamado de Tatipirum, onde todas as pessoas são iguais a ele. A história se mostra com um grande contraste de ambiente. 

            A vida de Raimundo se mostra pálida e apagada na realidade de seu cotidiano. Já em um mundo criado pela sua imaginação, a esperança aflora e uma infinita paz aparece, pois não existirá mais solidão para ele. O pequeno garoto careca começa a ser bem aceito no lugar em que ele está vivendo, explorando a liberdade e se conhecendo melhor. No novo e vasto mundo, ainda que imaginário, Raimundo se conforta em saber que ali ele pode ter as cores e os amigos que desejar. O figurino, criado por Java Araújo, acompanha as mesmas transições cenográficas, indo do simples e convencional ao criativo. 

          Um dos grandes destaques da obra é a produção musical. A trilha sonora do espetáculo é apresentada ao vivo e acompanhada pelos próprios atores. Com belos arranjos e letras, a musicalidade envolve diversos gêneros como rock, clássico, cirandas entre outros. Uma característica importante da peça que envolve todo o público, fazendo desde as crianças até os adultos a se renderem a magia do mundo teatral. 

         Vivenciando o protagonista Raimundo, o ator e musico Samuel lira explica a importância que teve nesse papel: “É muito bom pra quem está fazendo e pra quem assiste. A peça possui um tema muito polêmico que antes não era abordado. Pessoas sofrem bulling na vida e se calam diante disso. A sociedade em que a gente vive determina padrões de beleza e estética. É através da peça que passamos uma mensagem muito importante sobre essa problemática”. 

           Foi através da musica e da encenação que a oportunidade apareceu para Samuel. “Através de outras experiências que tive por fora, o diretor Samuel Santos viu meu desempenho. Quando surgiu a vaga para o elenco, o diretor me chamou pra fazer a peça. Assim continuei me apresentando musicalmente em conjunto com a atuação teatral. A minha experiência como musico me ajudou porque fez com que eu conhecesse o espetáculo. Tive referencias de outros atores que atuaram comigo também musicalmente e eu já comecei fazendo algo que já gostava”, relatou o ator musicista. 

A peça funciona como um incentivo para a leitura infantil e reflexão com pais e filhos sobre as diferenças sociais. Com um toque de humor, poesia e singularidade, o espetáculo impressiona com a lição sobre a importância do respeito ao próximo. Desde 2002, A terra dos meninos pelados já foi vista por cerca de 8 mil pessoas, em 16 cidades diferentes. O espetáculo conta com incentivo do Funcultura e está em cartaz até outubro, com sessões nos sábados e domingos, às 16h30.


SERVIÇOS:
A terra dos meninos pelados, direção de Samuel Santos. 
Sábados e domingos, às 16h30, no Teatro Barreto Júnior. 
Ingresso: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). 



Caldeirão de cultura no feriadão da Independência


       O feriadão da Independência do Brasil, a área central do Recife recebe a primeira edição do Festival Nacional do Livro da Leitura e da Literatura. O evento, realizado pela Casa dos Escritores de Pernambuco (CEP) em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores de Educação em Pernambuco (Sintepe), acontece no Parque 13 de Maio entre os dias 6 e 9 de setembro. Workshops, oficinas, shows musicais e o lançamento de onze livros de escritores pernambucanos marcam a diversificada programação que vai ser aberta com um Trajeto Literário – Procissão Poética –saindo da concentração na Praça Oswaldo Cruz, Boa Vista, seguindo pela Avenida Conde da Boa Vista até o Parque 13 de Maio, área central do Recife, onde acontecerá a abertura do evento.

Luciana Araújo, coordenadora do Festival, conta que a iniciativa do evento vem oferecer apoio a escritores de Pernambuco e favorecer o barateamento dos livros. “Para desfazer a idéia de que a população brasileira não tem o hábito da leitura”, afirmou. No parque serão montados 40 stands para a Feira do Livro, uma praça de alimentação, além de um auditório climatizado para 200 pessoas. As oficinas acontecem no Centro Integrado Escolar Luís Delgado (Cild) e na Escola Cisenando Silveira e irão atender todas as faixas etárias.

    A inscrição para o festival custa R$ 20,00, segundo a organização, a idéia inicial era de que não houvesse taxa, mas pela falta de incentivo do Governo do Estado a cobrança se tornou necessária. A coordenadora do evento destacou que o secretário de Educação enviou uma carta explicando que não havia interesse em participar do evento. “A intenção é democratizar a leitura e preservar da cultura, mas mesmo assim o governo não teve interesse no projeto”, relatou.




Inscrições pelos e-mails:
celeditora@hotmail.com
luaaparte@hotmail.com

Museu Murillo La Greca e Centro Cultural Correios abrem temporada de novas exposições

As duas mostras, iniciadas em agosto, destacam teor histórico e questionador. Visitantes podem conferir gratuitamente o trabalho dos artistas Cuquinha e Murillo La Greca.


        O que você diria se um amigo seu lhe pedisse dinheiro emprestado para que ele pudesse costurar uma bandeira de R$3.000? Se você está pensado “não”, repense sua escolha. Esta mesma bandeira pode muito bem ser leiloada em 17 vezes o valor inicial, e parte do lucro ser revertida para seu bolso. Os amigos e colegas de Lourival Cuquinha que o digam. O artista plástico pernambucano teve a iniciativa de fazer uma bandeira da Inglaterra com 1.000 libras (R$ 3.000) depois de ter lido em uma reportagem do jornal britânico The Sun que 80% dos ingleses não perceberiam se sumissem 1.000 libras de suas contas.
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      Inconformado com o resultado da pesquisa e na situação de imigrante, Cuquinha decidiu retratar a relação “trabalho versus poder de compra” não só na bandeira da Inglaterra, mas em toda a mostra Topografia Suada e Londres, em cartaz no Centro Cultural Correios. A instalação foi dividida em três ambientes. O primeiro é um corredor de chão vermelho que representa o tapete em frente ao Buckingham Palace de Londres e no final do mesmo, a bandeira inglesa, denominada de Jack Pound. O corredor leva ao segundo ambiente, uma sala com vários trabalhos do artista: uma bandeira do Brasil feita com a moeda local e um painel com o mapa da capital da Inglaterra e elementos que remetem ao percurso de Cuquinha para conseguir arrecadar o dinheiro. Para conseguir as 1.000 libras, ele decidiu vender ações da bandeira. Trabalhando como rickshaw (as taxi-bike que levam os turistas a passeios), o artista conseguiu 505 libras se tornando sócio majoritário e arrecadou o restante do dinheiro com familiares, amigos e colegas.

      O professor de português nos Estados Unidos, Afonso Nélio Borges, é um assíduo frequentador de museus. “Sou do Recife e passo três semanas de férias aqui todo ano em agosto. Durante este período procuro ir ao máximo de exposições possíveis”, disse. “Gostei muito dessa mostra da topografia e principalmente da crítica à banalidade do poder, á força do dinheiro.” Em uma das paredes do segundo ambiente, fotos dos sortudos 42 acionistas de 10 países que, após a Jack Pound ter sido vendida por 17.000 libras no famoso leilão Christie’s tiveram suas ações multiplicadas também por 17. Ainda na segunda sala, um painel preto com moedas de 5 centavos de real coladas e uma caixa com petróleo no meio. Na parte de cima do painel, as moedas estão intactas enquanto na de baixo elas se encontram furadas ou quebradas.

     “Alguns visitantes analisaram o painel como uma representação dos países ricos do Norte e os pobres do Sul. É uma das interpretações, mas cada um está livre para entender como quiser”, explica a mediadora Roberta Rodrigues. “O que o Cuquinha quis mostrar em toda a mostra é seu sentimento de não identificação enquanto morava na Inglaterra e a tendência a reduzirmos tudo a coisas.”

   O terceiro e último ambiente traz três rickshaws e a possibilidade do visitante pedalar. No teto, uma projeção das imagens registradas por Cuquinha na Inglaterra enquanto passava pelas ruas de Londres.
Topografia Suada e Londres é uma mostra de aparência simples, sem instalações tecnológicas, mas de conteúdo complexo que traz àquele velho debate sobre o consumo excessivo. Debate que mesmo antigo, trona-se sempre necessário. Em relação a Jack Pound, Roberta finaliza: “não é nem bandeira, nem é dinheiro. Passa a ser um terceiro elemento, algo mais representativo.” Traduzir em obras a história dos principais pontos históricos do Recife. Este é o propósito da exposição “Obras públicas de Murillo La Greca”, que, desde o dia 26 de agosto, leva ao museu homônimo alguns trabalhos do artista. Só na abertura, cerca de cem pessoas estiveram presentes para prestigiar a exposição. E a expectativa é que o ritmo se mantenha nos próximos dois meses.

             Ele nasceu no dia três de agosto de 1899, e, desde os 12 anos, já tinha a veia artística. O pintor e professor recifense Murillo La Greca hoje é lembrado pelos conterrâneos através de uma série de obras que retratam a capital pernambucana, trabalho que pode ser conferido nos seis ambientes do museu, reservados a um verdadeiro passeio turístico pelo Recife. A mostra contempla desde o Palácio da Justiça, localizado no bairro de Santo Antônio, ao Museu do Estado, que fica na Avenida Rui Barbosa, passando por pontos como o teatro Santa Isabel e o museu do Forte do Brum.

             Mapas e retratos ilustram a exposição, que dão ao visitante a oportunidade de participar da mostra. É que quem tiver fotografias dos pontos turísticos expostos no museu pode fixá-las próximo aos quadros que compõem as paredes do La Greca. A mediadora cultural Clarissa Corrêa chama atenção para uma novidade presente nesta exposição: “Sempre esteve dentro dos planos do museu dedicar uma sala em homenagem a Sílvia Decussati, ex-mulher do artista. Nesta temporada, foi criado um ambiente intimista, que expõe aos visitantes algumas obras que Murillo fez para sua amada”.

             A sala especial montada com objetos e obras que remetem a Sílvia é fruto da história vivenciada pelo casal. Com a morte da esposa, amiga e musa inspiradora, Murillo diminuiu o ritmo de produção. “Todos que estudam a história desse artista sabem que Sílvia tem uma grande parcela de influência nas obras que hoje aqui estão. Mas, mesmo com a dor da perda e a consequente queda do número de criações, ainda foi possível deixar aos recifenses parte do legado de sua história”, finalizou a mediadora cultural.

Confira a exposição no vídeo abaixo:  “Obras públicas de Murillo La Greca”.




Serviço

Exposição “Topografia Suada e Londres”
Centro Cultural Correios
Av. Marques de Olinda, 262 - 2º. Andar - Bairro do Recife
Período do evento: 02.08 a 23.09.2012
Horário: 9h às 18h de terça a sexta / sábados e domingos, das 12h às 18h
Informações e agendamentos: 81 3224 5739
centroculturalcorreiosrecife@correios.com.br

Exposição “Obras públicas de Murillo La Greca”
Museu Murillo La Greca
Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, número 366 – Parnamirim
Período do evento: 26.08 a 26.11
Horário: de terça a sexta das 9h às 17h e sábados e domingos das 13h às 17h.
Informações: (81) 3355-3126 / (81) 3355-3127 / (81) 3355-3129

Ambos têm entrada franca.

Exposição de Expressões



     “E eu pergunto: com que roupa? Com que roupa que eu vou pro samba que você me convidou?”, já cantava Noel Rosa, em 1930, mostrando que a preocupação com a moda não é novidade.

         Seja inverno, verão ou qualquer outra estação, a principal dúvida que surge na cabeça na maioria dos homens e mulheres na hora de se vestir é ser sofisticado, saber se pode ou não usar uma determinada roupa e não parecer que vai a um baile à fantasia ou festa de “Halloween” fora de época. Ao caminhar pelos principais centros de compras da cidade do Recife, percebe-se que as opções são bastante variadas.

             O primeiro passo é ter em mente: em qual ocasião vamos utilizar essa roupa? No trabalho? Na faculdade? Balada noturna? Numa reunião de amigos? Vale ressaltarmos que “não nos vestimos apenas para cobrir o corpo, ou nos comportamos de certa maneira sem qualquer razão aparente. Estamos sempre fazendo uso de meios como sinais, signos e símbolos para atingir certos fins”.

              Para os homens embora a missão seja, às vezes, estressante, não é impossível. Para as mulheres, escolher uma roupa apropriada na vitrine ou no guarda-roupa pode ser tornar uma batalha um pouco mais difícil, mas não necessariamente o princípio da terceira guerra mundial. Desfiles, revistas, televisão e outros tipos de mídia servem como referência para a forma de nos vestirmos e adquirirmos o nosso próprio estilo diferentemente da idade média, pois em virtude das diferenças sociais, haviam leis que restringiam certos tipos de tecidos e cores, apenas, aos nobres em determinadas localidades.

          De acordo com informações do site Diário de Glitter, o Recife vai sediar, em novembro, a quinta edição de um evento que irá reunir a moda, estilo, economia de forma criativa, designers e, inclusive, sustentabilidade. O tema deste ano do Moda Recife 2012 será “Moda e Arte”.

  Outras informações e dicas para homens e mulheres baterem um bolão e não fazerem feio, no visual do dia a dia, nos sites abaixo: 

O cinema aos olhos de um jornalista pernambucano

         O cinema de Pernambuco está crescendo. Essa foi uma das conclusões tiradas após o bate-papo com o crítico e cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho, na Universidade Católica de Pernambuco. Com um jeito tranquilo e modesto, o diretor, roteirista e jornalista conversou com os alunos e professores das turmas de Jornalismo e da Especialização em Estudos Cinematográficos sobre o seu trajeto profissional e alguns de seus projetos.



        A palestra, na verdade, começou sem o palestrante. Com a sala lotada, foi exibido o curta Recife Frio, dirigido por Kléber Mendonça, que mostra, em uma atmosfera fantasiosa, como seria um Recife com temperaturas abaixo de 10º C, em que as pessoas vivem sempre agasalhadas e apartamentos na beira-mar são desvalorizados. Após a chegada do cineasta, foi então exibido o trailer oficial do aclamado O Som ao Redor, filme também dirigido por Kléber, que já faturou diversos prêmios no Brasil e no exterior, e já chegou a ser reconhecido e bem criticado até nos Estados Unidos.

      Dialogando com a plateia, Kléber contou que apesar de cursar jornalismo na UFPE, sempre teve uma paixão pela sétima arte. Passou um ano desempregado depois de terminar a faculdade, e foi quando conseguiu um emprego como crítico de cinema no Jornal do Commercio, onde ficou por 12 anos.

       Sobre suas experiências como cineasta, Kléber explicou como é o processo criativo dos seus filmes, e a realização em si dos projetos. O diretor contou como Recife Frio, apesar de ser um curta, durou quase três anos para ficar pronto, tendo sua primeira cena gravada em dezembro de 2006, e sua última cena gravada em setembro de 2009. Apesar de não gostar de regras na hora de fazer seus filmes, para esse ele só tinha uma: que todas as cenas fossem filmadas em tempo chuvoso, ou no mínimo nublado. Por isso a demora. Com O Som ao Redor sendo o primeiro longa-metragem dirigido pelo cineasta, ele admitiu ficar espantado com a grandiosidade do projeto, mas que mesmo desviando do "gueto" dos curta-metragens, gostou muito da experiência.

       Perguntado se aceitaria uma proposta de ser contratado para dirigir um filme, a resposta foi rápida: "só se o roteiro for bom". "Nesse tipo de situação, as chances de dar tudo errado é muito grande", disse o cineasta. Para Kléber, o cinema em Pernambuco chega a se destacar por serem feitas produções mais autorais, e não voltadas para o meio comercial. "Acho curioso como os filmes aqui não tem essa pretensão de fazer sucesso. Às vezes são filmes estranhos, mas são originais", afirmou.
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