sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O cinema aos olhos de um jornalista pernambucano

         O cinema de Pernambuco está crescendo. Essa foi uma das conclusões tiradas após o bate-papo com o crítico e cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho, na Universidade Católica de Pernambuco. Com um jeito tranquilo e modesto, o diretor, roteirista e jornalista conversou com os alunos e professores das turmas de Jornalismo e da Especialização em Estudos Cinematográficos sobre o seu trajeto profissional e alguns de seus projetos.



        A palestra, na verdade, começou sem o palestrante. Com a sala lotada, foi exibido o curta Recife Frio, dirigido por Kléber Mendonça, que mostra, em uma atmosfera fantasiosa, como seria um Recife com temperaturas abaixo de 10º C, em que as pessoas vivem sempre agasalhadas e apartamentos na beira-mar são desvalorizados. Após a chegada do cineasta, foi então exibido o trailer oficial do aclamado O Som ao Redor, filme também dirigido por Kléber, que já faturou diversos prêmios no Brasil e no exterior, e já chegou a ser reconhecido e bem criticado até nos Estados Unidos.

      Dialogando com a plateia, Kléber contou que apesar de cursar jornalismo na UFPE, sempre teve uma paixão pela sétima arte. Passou um ano desempregado depois de terminar a faculdade, e foi quando conseguiu um emprego como crítico de cinema no Jornal do Commercio, onde ficou por 12 anos.

       Sobre suas experiências como cineasta, Kléber explicou como é o processo criativo dos seus filmes, e a realização em si dos projetos. O diretor contou como Recife Frio, apesar de ser um curta, durou quase três anos para ficar pronto, tendo sua primeira cena gravada em dezembro de 2006, e sua última cena gravada em setembro de 2009. Apesar de não gostar de regras na hora de fazer seus filmes, para esse ele só tinha uma: que todas as cenas fossem filmadas em tempo chuvoso, ou no mínimo nublado. Por isso a demora. Com O Som ao Redor sendo o primeiro longa-metragem dirigido pelo cineasta, ele admitiu ficar espantado com a grandiosidade do projeto, mas que mesmo desviando do "gueto" dos curta-metragens, gostou muito da experiência.

       Perguntado se aceitaria uma proposta de ser contratado para dirigir um filme, a resposta foi rápida: "só se o roteiro for bom". "Nesse tipo de situação, as chances de dar tudo errado é muito grande", disse o cineasta. Para Kléber, o cinema em Pernambuco chega a se destacar por serem feitas produções mais autorais, e não voltadas para o meio comercial. "Acho curioso como os filmes aqui não tem essa pretensão de fazer sucesso. Às vezes são filmes estranhos, mas são originais", afirmou.
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