Com o assassinato, ainda misterioso, do coronel reformado do exercito e ex-comandante do Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), Julio Miguel Molinas Dias, a Polícia Civil gaúcha encontrou em sua casa um arquivo que continha 200 páginas, várias delas com títulos em carimbo “confidencial” ou“reservado”. O conteúdo do documento revela detalhes inéditos do lado de dentro dos portões de uma das mais temidas unidades das Forças Armadas durante os anos de chumbo do Brasil.
Dentre as descobertas, destacam-se relatórios sobre o desastroso atentado no centro de convenções do Rio de Janeiro – Riocentro, no dia 30 de abril de 1981. No qual uma bomba explodiu durante um show em protesto a ditadura, ocasionando a morte do sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo com gravidade o capitão Wilson Luiz Chaves Machado, chefe da seção de Operações do DOI-Codi. Confirmando depoimentos obtidos ao longo dos anos e a desconfiança da população brasileira, o artefato era destinado ao evento que continha 20 mil pessoas, porém ao dá errado e explodir dentro do carro dos oficiais, o exercito, na época, maquiou a ação dizendo que foi, nada mais que, um ataque terrorista esquerdista aos defensores daquela pátria.
O dossiê guardado por Molinas conta, pormenores, a sigilosa rotina do DOI-Codi, deixando transparecer registros de militares envolvidos em episódios de fatos forjados e ocultamento de crimes. Há inclusive uma orientação para simular o furto do veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão, no sentido de desaparecer com pistas que seriam comprometedoras. Os papeis ainda explicitam os codinomes dos agentes, Guilherme era Agente Wagner e Wilson era Dr. Marcos. O DOI-Codi comandado por Molinas Dias era localizado dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita, no bairro da Tijuca, era responsável por espionar e reprimir opositores do regime militar.
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